O turismo de massa tem sido uma bênção econômica para bilhões de pessoas em todo o mundo. Pós pandemia ele deve retornar com tudo, viagens para relaxar, passear e vivenciar e com mais facilidade do que nunca, acessando os destinos mais exóticos.
No entanto, essa benção, não é para o meio ambiente o turismo de massa acaba trazendo vários impactos. O turismo global deixa uma pegada de carbono gigante e também contribui para a degradação ambiental em grande escala em todo o mundo por meio da conversão de áreas naturais relativamente isoladas e anteriormente intocadas em destinos turísticos movimentados.
Além disso, há o aumento das taxas de poluição gerada pelo turismo de massa. Para se ter uma ideia oito em cada 10 turistas viajam para as áreas costeiras, sendo as praias os destinos mais populares. Isso dificilmente beneficia os ecossistemas marinhos. As praias estão repletas de lixo, as áreas marinhas frágeis são inundadas por turistas que tratam o meio ambiente com descaso, e também, as águas costeiras são poluídas com uma grande carga de efluentes e esgoto bruto.
“Durante a alta temporada turística, o lixo marinho na região do Mediterrâneo aumenta em até 40%”, observou a ONU em seu relatório de Meio Ambiente. “Com grande ironia, o turismo, que muitas vezes depende das belezas naturais da Terra, está contribuindo enormemente para o seu declínio de forma muito visível”, acrescentam da agência.
O Mediterrâneo, um dos destinos turísticos mais populares do mundo, atrai cerca de 220 milhões de turistas que visitam a região todos os anos. Seu número deve aumentar para 350 milhões em duas décadas. Cerca de metade dos visitantes vai para as praias, onde muitas vezes, sem saber, causam impactos no meio ambiente devido à grande aglomeração nesses locais.
“O grande desenvolvimento na infraestrutura do turismo alterara drasticamente a dinâmica natural dos ecossistemas costeiros do Mediterrâneo”, explica o Fundo Mundial para a Natureza. “Por exemplo, mais da metade dos 46.000 km de costa, está agora urbanizada, principalmente ao longo das costas europeias. Essa infraestrutura é uma das principais causas da perda de habitat na região, e alguns lugares agora, não tem mais volta”.
Nem mesmo locais anteriormente remotos estão sendo poupados da devastação do turismo. Nas Ilhas Galápagos, por exemplo, o número de turistas quase dobrou, chegou a 275 mil em 2018, em apenas uma década. Nas últimas três décadas, o turismo local cresceu a uma taxa de quase 7% ao ano. Agora, essas ilhas únicas e cheias de biodiversidades, que tiveram uma influência sobre a formulação da teoria da evolução de Charles Darwin baseada no meio da seleção natural, estão prestes a ser irrevogavelmente transformadas.
No entanto, nem tudo é desgraça e tristeza. Mais e mais operadoras de turismo e governos estão reconhecendo a importância do turismo responsável para proteger os pontos críticos de biodiversidade de novos danos. Em um esforço para salvar a vida marinha local, a Tailândia fechou uma praia popular e pitoresca, que ficou famosa como cenário para o filme de Hollywood The Beach, no Mar de Andaman. Antes de fechar, cerca de 5.000 turistas visitaram a pequena praia. Diariamente, transportado por cerca de 200 lanchas. Desde que a praia foi fechada, a vida marinha foi se recuperando lentamente na área.
Medidas semelhantes em grande escala estão sendo tomadas para lidar com alguns dos piores efeitos do turismo de massa global. Um desses esforços, a Global Plastics Tourism Initiative, visa reduzir os impactos dos resíduos plásticos gerados pelo turismo. As enormes quantidades de resíduos plásticos que acabam nos oceanos representam uma ameaça existencial para inúmeras espécies e ecossistemas marinhos inteiros.
A menos que medidas drásticas sejam tomadas, a situação, que é muito ruim, vai piorar ainda mais. Uma estatística muito citada diz que em 2050 pode muito bem haver mais plástico do que peixes nos oceanos. “A poluição por plásticos é um dos principais desafios ambientais do nosso tempo e o turismo tem um papel importante a desempenhar, contribuindo para a solução”, afirma a ONU Meio Ambiente. “Muito do plástico usado no turismo é feito para ser jogado fora e muitas vezes não pode ser reciclado, causando grande poluição.”
As soluções para as grandes quantidades de plástico geradas pelo turismo de massa incluem a eliminação gradual de todos os itens de plástico e embalagens problemáticos, passando de itens de uso único para itens de plástico reutilizáveis e adotando a reciclagem eficaz. “O problema da poluição do plástico no turismo é grande demais para uma única organização resolver sozinha”, observa a Global Initiative on Tourism Plastics. “Para corresponder à escala do problema, mudanças devem ocorrer em toda a cadeia de valor do turismo.”
Uma vez que o lixo plástico entra nos mares e oceanos, ele pode se espalhar por todo o planeta. Até mesmo as praias em ilhas remotas desabitadas foram cobertas por entulhos de plástico transportados pelas correntes e marés. É por isso que reduzir o desperdício de plástico deve ser uma prioridade em todo o mundo.
Minimizar outros impactos prejudiciais do turismo de massa será tão importante se quisermos salvar ecossistemas sitiados das depredações que os humanos infligem a eles. Cada um de nós pode fazer sua parte. Podemos parar de jogar lixo. Parar de pisar nos corais. Podemos parar de tirar criaturas do mar como lembranças. E podemos evitar destinos totalmente se eles já estiverem atormentados por outras pessoas.
Autor: Daniel T. Cross
Fonte: https://www.ecoportal.net/temas-especiales/contaminacion/exceso-de-turismo-problema-global/
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