O projeto da fundação holandesa The Ocean Cleanup, financiado com 20 milhões de dólares, já entrou em sua fase operacional.
“Parecia uma serpente marinha gigante, mas era apenas uma obra de engenharia”, isso foi o que se viu durante a montagem do projeto em São Francisco. Essa nova tecnologia ambiental pretende reduzir pela metade (dentro de 5 anos) o lixão de plástico no oceano, conhecido como Great Pacific Garbage Patch ou “O grande remendo de lixo do Pacífico” (tradução livre).
Acima de tudo a obra consiste em uma barreira formada por um tubo flutuante de 600 metros de comprimento, que criará uma espécie de “U” para segurar os resíduos através do empurrão do vento e das ondas. Como os próprios responsáveis pelo projeto chamam, “O pac-man dos mares”.
Depois do recolhimento do plástico, os barcos levarão o resíduo até a costa para ser reciclado. Mas, parte da comunidade científica levanta dúvidas sobre a eficácia da operação, que custou mais de 20 milhões de dólares (83,2 milhões de reais) e os possíveis riscos para a fauna marinha. Os testes, que já começaram em 2018, foram fundamentais para averiguar várias possibilidades, mostrando-se positivos.
O projeto
O projeto começou em 2013 por iniciativa de Boyan Slat, um holandês que tinha 18 anos na época. O jovem ficou impressionado com a quantidade de resíduos que encontrava quando ia mergulhar e decidiu arregaçar as mangas para buscar soluções, como informa o site The Ocean Cleanup.
Slat queria criar um método viável de concentração e recolhimento do lixo marítimo e, por isso, fundou a organização para desenvolver novas tecnologias. Pouco mais de um ano depois, cerca de 100 cientistas voluntários haviam se somado ao projeto. A organização arrecadou quase 2,2 milhões de dólares (9,15 milhões de reais) com uma campanha de crowfunding.
Os pesquisadores que aderiram à iniciativa realizaram diversos estudos da área afetada pelo lixão de plástico. Os principais resultados de suas observações saíram na Scientific Reports. O Great Pacific Garbage Patch abrange uma área de 1,6 milhão de quilômetros quadrados, segundo os cálculos da fundação. Ali já se acumulam 1,8 bilhão de resíduos de plástico, ou 80.000 toneladas.
“Uma porcentagem significativa dos plásticos acaba retida em redemoinhos criados pelas correntes”, explica a The Ocean Cleanup. “Uma vez preso ali, o plástico se desfaz e se transforma numa armadilha para a fauna marinha, enganada pela aparência de comida”.
Para a organização, tentar coletar todo esse lixo com embarcações e redes seria caro demais e geraria emissões prejudiciais ao meio ambiente, além de danos à fauna marinha. A The Ocean Cleanup diz que é mais viável um método “passivo” de concentração dos resíduos, que se move no mesmo ritmo que as correntes.
System 001
Daí a ideia de utilizar uma barreira flutuante, chamada System 001: um tubo com uma cortina de três metros de profundidade que captura o plástico e, ao mesmo tempo, deixa livre a passagem de peixes debaixo dela. Em resumo, o trajeto pode ser monitorado em tempo real no site da fundação, graças a um sistema de localização por GPS instalado no tubo.
Portanto, a organização vem estudando formas para reciclar todo o plástico recuperado e tornar economicamente sustentável o processo de limpeza das águas com a venda de produtos feitos a partir desse material, para refinanciar o seu trabalho. Já existe um produto à venda, um óculos de sol feito de plástico reciclado coletado por eles, além disso o Sistema 002 está para ser implantado em 2021.
Alguns materiais são bastante afetados pela exposição solar e a água do mar que acabam sendo descartados, mas grande quantidade desse material pode ser usado numa usina de reciclagem de maneira simples.
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/12/ciencia/1536752157_412277.html
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