De fato, nunca foi tão urgente falar sobre sustentabilidade quanto agora. Nos últimos anos, vivenciamos em todo o mundo significativas mudanças climáticas, aumento dos acidentes ambientais, escassez de recursos naturais, alterações nas condições de trabalho, entre outras tantas transformações sociais. Assim, a agenda ESG – cada vez mais disseminada – e os chamados investimentos de impacto têm se tornado, de forma crescente, objetivos comuns para empresas e investidores de todos os lugares.
Esse movimento se intensificou com o lançamento, pela Organização das Nações Unidas (ONU), dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), destacando-se aqui a preocupação com a saúde e o bem-estar, o desenvolvimento de ações contra a mudança global do clima, a necessidade de conservação da vida na água e da proteção, recuperação e promoção do uso sustentável dos ecossistemas terrestres – incluídos os espaços verdes.
O investimento em infraestrutura e a sustentabilidade são, nesse sentido, dois pilares essenciais para o crescimento do país (especialmente para sua retomada, no atual contexto de crise econômica e social). O Governo Federal, por exemplo, pressionado pelos altos níveis de endividamento interno e pelo impacto da pandemia de Covid-19 nas contas públicas, tem se voltado (e com frequência destacado em seus discursos) à pauta do avanço dos projetos de infraestrutura em diferentes setores.
Por meio de investimentos massivos realizados em parceria com a iniciativa privada, essa agenda visa alavancar a economia com a geração de empregos e oportunidades, além de colher o benefício do desenvolvimento estrutural para o país. A incorporação de estratégias ESG aos futuros projetos significa a adoção de práticas, ações e investimentos voltados a temas sociais e ambientais – como o estímulo à educação ambiental, ao conservacionismo, entre outros.
No atual cenário, isso se mostra uma oportunidade de agregar valor, bem como modernizar e expandir ativos sob novos padrões, aderindo às melhores práticas em projetos sustentáveis, inclusive internacionais.
Em todo o mundo, é crescente a priorização de investimentos que levem em conta critérios de sustentabilidade e que sejam consonantes com valores ambientais, sociais e humanos. Os denominados títulos verdes são exemplos de um instrumento de dívida “sustentável” na medida em que permitem captar capital exclusivamente para financiar ou refinanciar projetos e ativos com benefícios ambientais, sendo, portanto, focados em gerar impacto para além do financeiro.
Isso porque, para os investidores, o investimento em agendas socioambientais gera tanto benefícios reputacionais – por estarem associadas a negócios sólidos, transparentes e com baixo custo de capital – quanto fortalece a mitigação de riscos do negócio, haja vista sua maior resiliência.
No Brasil, a adoção dos parâmetros ESG ainda está em estágio inicial. Historicamente, investidores têm se concentrado em assuntos reputacionais e escândalos de corrupção. Consequentemente, a principal área de interesse para investidores brasileiros era a governança corporativa. Essa abordagem, contudo, começa a evoluir, e empresas que não consideram questões ambientais e sociais podem se submeter a impactos negativos no curto, médio e longo prazo.
Pesquisa recente do Instituto CFA sugere que, até 2022, os temas ambientais e sociais se tornarão significativamente próximos dos de governança em termos de importância. Porém, há oportunidade para ir além. Companhias precisam entender seus impactos e sua dependência da natureza e da sociedade e assumir a gestão de riscos e oportunidades relacionados, comunicando-se de forma consistente com seus investidores.
Fonte: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/publicacoes/periodicos/revista-bndes-56
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