Encontrar uma destinação correta para resíduos que ninguém percebia potencial na reciclagem ? e fazer com que eles retornem, como matéria-prima, à indústria ? vem sendo um grande desafio para as empresas que lidam com resíduos que pareciam fadados a ficar eternamente nos aterros sanitários.
A gestão de resíduos industriais pode ser entendida como o conjunto de atividades relacionadas à coleta, transporte, manipulação, tratamento, eliminação ou reciclagem desses dejetos. Ela envolve uma relação complexa entre aspectos administrativos, financeiros, legais, de planejamento e de engenharia, cujas soluções são de diversas esferas.
É preciso mudar a metodologia de utilização dos recursos naturais quando falamos de processamento e descarte para uma lógica sustentável, na qual os materiais são, em sua maioria, reciclados e reutilizados.
Esse raciocínio abriria grandes perspectivas para o uso de novos materiais, processos produtivos e, consequentemente, novos negócios. A responsabilidade deve ser repassada a todos os níveis da empresa, em especial para os profissionais envolvidos com a gestão dos resíduos.
Fomentar cada vez mais no meio empresarial a filosofia da sustentabilidade, que integra 5 ações (não gerar, reduzir a geração, reciclar, tratar e destinar), traz à tona a responsabilidade social e ambiental, capaz de atingir indivíduos, parte desse sistema.
Programas internos de gestão de resíduos
A premissa básica de um programa de gestão de resíduos sólidos em uma indústria ou empresa multinacional, inicia com a rastreabilidade do resíduo gerado. Para isso, é preciso utilizar um software ou sistema eficaz de gerenciamento, que englobe, de modo integrado, todas as fases do ciclo de vida de um resíduo.
Identificar todas as informações, desde a geração do resíduo até a sua destinação, é fundamental. Monitorar o volume e a classe, a data de geração, o acondicionamento e a armazenagem, qual equipe operacional é responsável pela coleta e em quais os horários serão realizadas.
O acondicionamento e a armazenagem são critérios muito específicos, que precisam respeitar a legislação ambiental. O acondicionamento refere-se ao espaço no qual o resíduo ficará depositado até ser encaminhado para o local de armazenamento, coletado e levado ao destino final.
Entender a logística e a rastrear as informações simplifica o processo de gestão, melhora a visibilidade operacional e administrativa e elimina o registro e controle manual. Para trabalhar a efetividade do gerenciamento dos resíduos são necessárias funcionalidades básicas: organização das rotas de coleta (equipe, local e horário), registro do resíduo coletado, validação das informações no ponto de coleta, captura de evidências fotográficas das coletas e a possibilidade de emissão de relatórios.
Conheça algumas iniciativas
Com uma boa dose de iniciativa, a busca por inovação social nos modelos atuais de negócios, se mostra possível. Incentivar soluções economicamente viáveis para quase todo tipo de resíduo, é fundamental para essa mudança.
No Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, algumas das maiores empresas – Unilever, Proctor and Gamble, Coca-Cola, Danone e outras – se comprometeram na reutilização e reciclagem de até 70% das suas embalagens plásticas.
A iniciativa tem o objetivo de criar bases para uma economia circular. Um novo conceito que visa um futuro mais sustentável pela menor extração de recursos naturais e a menor geração de resíduos.
Como funciona o princípio da Economia Circular em grandes empresas?
A economia circular consiste em um ciclo de desenvolvimento positivo-contínuo, que preserva e aprimora o capital natural, otimiza a produção de recursos e minimiza riscos sistêmicos administrando estoques finitos e fluxos renováveis. Ela funciona de forma eficaz em qualquer escala. Seu objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo.
A economia circular fundamenta-se em três princípios, cada um deles voltado para diversos desafios relacionados a recursos e sistêmicos que a economia industrial enfrenta.
Princípio 1: Preservar e aumentar o capital natural controlando estoques finitos e equilibrando os fluxos de recursos renováveis.
Princípio 2: Otimizar a produção de recursos fazendo circular produtos, componentes e materiais no mais alto nível de utilidade o tempo todo, tanto no ciclo técnico quanto no biológico.
Princípio 3: Fomentar a eficácia do sistema revelando as externalidades negativas e excluindo-as dos projetos.
É essencial que as empresas que geram resíduos considerem essas práticas essenciais para tornar eficientes a destinação dos insumos gerados e, assim proteger o meio ambiente. A produção mais limpa em um processo industrial, através da gestão dos resíduos gerados, demonstra a responsabilidade da empresa na preservação da integridade dos recursos naturais.
*Fonte: www.ellenmacarthurfoundation.or