Para tentar frear a poluição plástica que ameaça o meio ambiente e a saúde humana, a Inglaterra decidiu ampliar a proibição de itens de plástico de uso único, incluindo pratos e talheres na lista que já havia banido canudos, mexedores e cotonetes em 2020.
Segundo a CNN, todos os anos, 4,25 bilhões de talheres de uso único e 1,1 bilhão de pratos são usados na Inglaterra, o que equivale a 75 talheres e 20 pratos por pessoa, disse o governo, mas apenas 10% deles são reciclados.
“Estamos determinados a ir mais longe e mais rápido para reduzir, reutilizar e reciclar mais, a fim de transformar nossa indústria de resíduos e cumprir nossos compromissos no ambicioso plano ambiental de 25 anos. Cortar nossa dependência de plásticos de uso único é crucial”, comunicou o Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais (DEFRA) ao jornal britânico pelo The Guardian.
A decisão é o resultado de uma consulta pública realizada entre novembro de 2021 a fevereiro de 2022 sobre um plano para proibir o fornecimento de itens de plástico descartáveis e embalagens de isopor para alimentos e bebidas foi realizada pelo DEFRA, que ainda está analisando como lidar com outros itens de plástico descartáveis, como filtros de tabaco e lenços umedecidos.
Segundo a secretária de Estado do Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais, Thérèse Coffey, os planos incluem a substituição dos itens de plástico descartáveis por alternativas biodegradáveis.
No Reino Unido, a Escócia já havia anunciado uma proibição semelhante no início de 2022 e, o País de Gales aprovou a proibição de produtos plásticos de uso único a partir de 2023.
“Não é muito mais caro e, à medida que as pessoas percebem como esses produtos são prejudiciais, mais alternativas surgirão a um preço mais barato”, explicou a ministra galesa para mudanças climáticas, Julie James, em entrevista ao Financial Times. Ainda segundo Julie, todos os produtos de plástico de uso único têm alternativas reutilizáveis ou não plásticas.
Reduzir antes de reciclar
Dos 331 milhões de toneladas de resíduos plásticos produzidos anualmente no mundo, apenas cerca de um décimo é reciclado. O caminho para combater a poluição plástica precisa incluir a raiz do problema, que é a geração de plástico, com a fabricação de milhões e milhões de produtos que poderiam ser evitados. Os itens de plástico de uso único são usados por alguns minutos, no máximo, mas permanecem por séculos no planeta.
O plástico produzido pode durar centenas de anos, decompondo-se em pedaços menores que contaminam o meio ambiente e podem ser ingeridos por animais selvagens e marinhos. Estudos recentes encontraram microplásticos em órgãos humanos, na água da chuva e em diversos alimentos.
Além da poluição alarmante causada pelo material, a maioria dos plásticos é feita de combustíveis fósseis e produz emissões de gases de efeito estufa, que aceleram a taxa de mudança climática.
Em comunicado, o Greenpeace alerta para os graves impactos do problema: “A poluição plástica de uso único é uma questão de direitos sociais e também ambiental. O plástico descartável de uso único encontra seu caminho para nossas comunidades pobres e em risco, à medida que grandes corporações obtêm lucros maciços com o uso de embalagens plásticas descartáveis. À medida que os países mais desenvolvidos começam a tomar uma posição e limitar a quantidade de resíduos plásticos descartáveis que entram em suas fronteiras, muitas vezes são os países do Sul Global que suportam o peso do fluxo de plástico descartável em seus rios, mares e aterros sanitários. Pessoas vulneráveis fazem uso da maré sufocante do comércio de plástico descartável para ganhar a vida miseravelmente. As grandes empresas estão cientes disso, mas estão tomando muito poucas medidas reais para conter a onda de plástico de uso único que contribui para o problema”.
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