Documento traz metas e objetivos claros e compartilhados para os países-membros promoverem a agenda na região, com foco na transição para uma economia de baixo carbono
Um avanço importante no mundo coloca a economia circular como estratégia central nas principais agendas internacionais, visando combater a crise climática, a perda de biodiversidade e poluição. Com apoio do Brasil, a Coalizão da América Latina e do Caribe assinou nesta quarta-feira (10) sua primeira declaração sobre o tema e traz metas e objetivos compartilhados entre seus membros para promover a pauta na região latino-americana.
Lançada em 2021, a coalizão reúne diversos membros, como governos, empresas e academia, trabalhando juntos na transição para uma economia de baixo carbono. Ao todo, são 17 países fazendo parte: Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Peru, Suriname, República Dominicana, Trinidad e Tobago e Uruguai.
Um relatório da organização divulgado em 2022 relevou que a América Latina e o Caribe desperdiçam em média 127 milhões de toneladas de alimentos por ano — mais de um terço da produção total — enquanto 47 milhões de pessoas ainda sofrem com a fome. Segundo a coalizão, o cenário evidencia a necessidade de uma economia circular desenvolvida por e para a região, capaz de mitigar esses impactos de maneira integrada.
De acordo com a Fundação Ellen MacArthur, embora a transição energética seja capaz de combater 55% das emissões totais de gases de efeito estufa, a economia circular pode ajudar a resolver os outros 45%.
Em comunicado, Pedro Prata, Oficial de Políticas Públicas na América Latina, fez uma análise e destacou que a economia circular é vista sob três perspectivas. Em primeiro lugar, como um modelo econômico de solução para toda a cadeia produtiva, mudando a forma que produzimos e consumimos. Em segundo, pelo seu papel central na natureza, biodiversidade e regeneração e em como a preservação e a restauração dos recursos naturais são colocadas no centro. Em último lugar, reconhecendo sua importância no centro das discussões globais.
“A declaração simboliza uma coesão entre os países em torno de uma visão comum. E acredito que ‘coesão’ seja a palavra-chave aqui, pois ela reflete um entendimento integrado da economia circular sob estas perspectivas fundamentais”.
O documento foi assinado durante o Festival Latino-Americano de Economia Circular, realizado entre 8 e 10 de outubro de 2024, em Bogotá, Colômbia, e contou com representantes da CEPAL, da Fundação Ellen MacArthur e do PNUMA. Na ocasião, os participantes debateram a urgência de fortalecer alianças estratégicas para enfrentar os desafios ambientais e socioeconômicos da América Latina.