Tecnologia brasileira reaproveita resíduos das indústrias farmacêutica e de celulose para regenerar áreas de difícil acesso com drones.
Plantar árvores nativas em locais de difícil acesso é um desafio. O uso de drones para este plantio já foi testado e aprovado em alguns projetos. E, com tecnologia, a regeneração de áreas remotas, está ajudando a dar um destino ambientalmente correto para resíduos das indústrias farmacêutica e de celulose. Capsulas de colágeno e massa celulósica que iriam para aterros estão se transformando em cápsulas de sementes, que garantem o cultivo de árvores e a regeneração de áreas degradadas.
A solução desenvolvida pela Ambipar, empresa brasileira que trabalha com soluções em gestão ambiental deu origem ao projeto Biocápsulas Sustentáveis – Transformando Resíduos em Árvores. As cápsulas, protegem as sementes contra sol, insetos e outros riscos e derretem em contato com a água. Além disso trazem nutrientes e organismos biológicos que ativam a semente, aumentando a probabilidade de germinação, principalmente em solos degradados, onde houve desmatamento, queimada, erosão ou outra ação degenerativa antrópica.
Os testes de viabilidade foram realizados em áreas estratégicas, como matas ciliares degradadas no entorno da Serra da Cantareira, na grande São Paulo. Ao todo, foram cerca de dois anos de testes, e hoje a Ambipar conta com equipamentos para produção da tecnologia em série, de quase 30 mil Biocápsulas por turno de 8 horas, com drones autônomos, que podem carregar até 20 mil Biocápsulas por voo, o que equivale a 1 hectare.
No Bioma Amazônico, por exemplo, as sementes são coletadas por cooperativas de povos tradicionais, fomentando, desta forma, a economia dos povos nativos. Para agregar ao ciclo e potencializar os resultados, as Biocápsulas recebem também o Ecosolo, um condicionante de solo capaz de melhorar a retenção de água na terra, de fomentar o desenvolvimento de micro-organismos, aumentando produtividade de plantas, como soja, milho e hortaliças, incentivando a agricultura regenerativa.
“Já lançamos ao solo mais de 1,2 milhão de sementes, com pelo menos 60% de produtividade, segundo monitoramento das mudas das árvores feito com o próprio drone”, explica o engenheiro ambiental Gabriel Estevam Domingos, especialista em Inovação e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Ambipar Group.
Gabriel explica que, depois de lançar as sementes, o drone é programado com coordenadas específicas e faz imagens de alta resolução e leituras de temperatura da área de plantio. “Com o projeto, eliminamos resíduos, mantemos produtos e materiais em uso em seu mais alto valor e colaboramos com a regeneração dos sistemas naturais”, reforça.